quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

4 x 4


As lembranças me trazem sensações indecifráveis. Um tempo de ingenuidades, de descobertas e de conforto que vem a tona através de uma simples melodia e flash’s aleatórios. Passava as minhas tarde a sonhar, com amores, com planos e vontades, talvez. Não me percebia no mundo, mas percebia o mundo, sentia-o, as sensações eram sutis, e uma sensibilidade intensa, até pelas coisas mais banais.

Coisa boa essa, ser criança. Descobertas, medos e paixões tão fluidos como as águas de um rio. Saudades. E os sorrisos alegres, despreocupados. Há ausência de obrigações, regras, metas. E o silêncio que por muitos não foi entendido, dizia muito sobre o meu êxtase em viver e investigar todas as nuances. Conversas alheias, casais de namorados, crianças levadas, pássaros ouriçados. Tudo me parecia mágica, com encaixes perfeitos.

Tinha vontade de dar-lhes meus olhos, para que enxergassem a beleza que eu achava que só os meus conseguiam ver. Ou colocar tudo numa caixinha, junto comigo, e guardar, parando o tempo. Nada era cotidiano.

Ah, se minha memória não fossem tão fugaz... E se tudo não se transformasse tão rápido. Seria mais feliz? Novos enquadramentos e percepções distintas, constatações, e realidades frias. Como é difícil se manter viva, efetivamente viva, fervilhando. A inércia não me é atrativa, é necessário uma chama, que surpreendentemente encontrei nas águas.

A menina ainda pulsa aqui. Tímida. E continua brincando com bonecas, de carne e osso desta vez, e se maravilhando com a beleza que muitos insistem em não ver.

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